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Eis uma pergunta que pode ser respondida à luz da História: Qual foi a raça equina que serviu de base para as variantes de raça crioula desenvolvidas na América? Podemos elucidar esta interrogação tendo como base de interpretação um artigo publicado pela historiadora Vanusa Siqueira Araújo, contido nos Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. No artigo denominado de: “Os Cavalos na Conquista da América Espanhola”, é apresentado um conjunto de citações, obtidas em pesquisa de fontes históricas que possibilitam responder com segurança a pergunta acima citada. Segundo a autora que cita como fonte: (SERRERA, 1995), “Todos os indícios levam a considerar que o cavalo que se trouxe originalmente ao continente americano, e que serviu de base para todas as posteriores variantes de raça crioula, foi o cavalo andaluz, considerado genericamente como o resultado do cruzamento do cavalo árabe procedente do norte da África, com os exemplares da própria península ibérica; biótipo resultante, por sua vez, dos múltiplos cruzamentos que ao longo do tempo se produziram entre o primitivo cavalo ibérico e as sucessivas raças centro-européias (sobretudo o cavalo de procedência germânica) e “invasores” asiáticos que foram importados pelos povos ‘bárbaros’ que invadiram a península”.
É também conceitualmente aceito na linha histórica que os cavalos dantes introduzidos na América passaram a se criar livremente nas planícies da Banda Meridional do continente, vivendo em estado selvagem por cerca de quatro séculos. Nesse período, as duras condições climáticas acabaram criando, através da seleção natural, uma raça extremamente resistente à alta amplitude térmica, quanto à aridez e à falta de alimento. Os cavalos crioulos normalmente são criados livres, em campo aberto com pastagens, e quando chegam à idade adulta são manejados e destinados para um processo de doma.
O aprimoramento do cavalo crioulo desdobrou-se em um cavalo que ficou conhecido pela sua força, agilidade e resistência. Pela sua robustez e rusticidade o crioulo é muito utilizado nos trabalhos pesados na lida com o gado, em fazendas de todo o Brasil. Grande parte da população de equinos do Estado do Rio Grande do Sul é formada por esta raça e ela está inclusive presente como elemento fundamental na cultura brasileira, sobretudo na cultura gaúcha. Esse traço tão forte que sublinha a cultura gaúcha, ganhou maior notoriedade com o advento da fundação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – ABCCC, em 1932, que conforme seu relatório histórico: “Surge com a missão de preservar e difundir o cavalo Crioulo no país. Cinquenta anos depois, a prova do Freio de Ouro veio para ficar, tornando-se uma importante ferramenta de seleção, uma vez que motivou o aperfeiçoamento da raça, tanto morfológica quanto funcionalmente”.
A presença do cavalo crioulo no contexto histórico da nossa América acrescenta à cultura da nossa gente um sentimento de entusiasmo e paixão. Há uma interação muito forte resultante de um laço de afeição, onde o cavalo empodera o cidadão, e juntos, os seres tornam-se atletas, competem, vencem e comemoram os louros. Acrescido a isto também está a esfera mercadológica representada pela magnitude resultante do trabalho que desempenham os criadores, treinadores, comerciantes e admiradores. Neste viés a economia do cavalo crioulo movimenta valores de altas cifras e alocam uma força de trabalho e serviços que retornam ao estado grandes quantias arrecadadas em impostos e taxas. Grandes competições e provas regulares despertam a euforia de um público apaixonado que não medem esforços para prestigiar cavalos e cavaleiros.
Autor: Hélio Fernandes

Júnior Mineiro - Cavalo Crioulo

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